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Cordelista vende mais de 50 mil folhetos sem passar por livrarias

Em 2016, o cordelista Robson Jampa resolveu viver exclusivamente da venda de seus folhetos de cordel. Ele compõe, diagrama, edita, imprime e vai atrás dos compradores em bares, praias, eventos e outros locais públicos, divulgando, vendendo seus trabalhos e se promovendo como artista da palavra. Para isso, precisou de disciplina, energia para andar a pé, dinamismo, foco e fé na sua arte.

Por ser considerado o primo pobre do mercado literário, o cordel não é visto em livrarias. Para encarar a poesia com profissionalismo e leva-la principalmente aos turistas que visitam a cidade João Pessoa, capital da Paraíba, Robson Jampa enfrenta os preconceitos e acaba com a crença limitante de que literatura de cordel não vende. “Modestamente, eu acho que não é fácil encontrar um escritor que tenha vendido cinquenta mil exemplares dos seus livros aqui na Paraíba, sendo que eu consegui isso vencendo a desconfiança do leitor na venda direta, cara a cara, construindo uma base de leitores porque sempre estou perto do meu público, seja numa procissão, numa festa, eu coloco meu chapéu de andarilho da cultura popular e vou à luta”, disse Robson. Ele garante ter vendido mais de mil folhetos em uma só noite, durante a procissão de Nossa Senhora da Penha, evento religioso tradicional da capital paraibana.

Os folhetos de Robson são produzidos quase artesanalmente, com baixo orçamento, apresentando retorno em termos de renda muito mais significativo do que se fossem produzidos por uma editora. “Não vou pagar a ninguém por aquilo que eu mesmo posso fazer, em tiragens de acordo com minhas necessidades”, explica Jampa. Ele também atende pedidos para trabalhos individualizados, ocasião em que faz um serviço mais bem finalizado. Com faro especial para detectar os temas que atraem o leitor, ele investe em folhetos de gracejo, tendo vencido um prêmio literário promovido pela Fundação Espaço Cultural da Secult/PB.

Sendo talvez o único folheteiro ambulante da Paraíba, Robson Jampa se diz cansado desse modo de distribuição independente. “Pretendo centrar minhas vendas em feiras e eventos, além de distribuir expositores dos folhetos em bancas e outros pontos comerciais, porque estou cansado da rotina de viver nas ruas”, disse ele, adiantando que quer mais tempo para fazer um trabalho mais detalhado, com revisão de textos e mais cuidado na formatação dos versos, “sem a ansiedade e a pressa de produzir e sair nas ruas para vender”. Jampa é membro da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, onde diz ter encontrado ambiente de camaradagem e receptividade ao seu trabalho. “Com a Academia abriram-se novos horizontes na minha vida de cordelista profissional, onde conheci colegas que me motivam a trabalhar mais meus saberes e contribuem para melhorar os resultados do meu trabalho de poeta “artesanal’, com apreço pelo que faço”, disse Jampa.

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