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Academia encaminha propostas na área de cordel para Equipe de Transição do Governo Lula

A Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB), entidade representativa dos poetas cordelistas sediada no Estado da Paraíba, considerando sua participação em reunião virtual de caráter nacional ocorrida no último dia 10 de dezembro, através de chamada de vídeo, relativa a GRUPO DE TRABALHO (GT) coordenado por membros da Equipe de Transição do Governo Lula e através do qual foi oferecida a oportunidade de encaminhamento formal de propostas relativas ao fortalecimento do cordel brasileiro em especial, apresenta as seguintes sugestões a serem oportunamente analisadas e, assim desejamos, aproveitadas no todo ou em parte para execução pelo Governo Federal, a partir de 2023:

  1. Realização de Circuito Nacional do Cordel e do Repente com o apoio do Governo Federal, apoio este que deve ser estendido a todos os Estados da Federação por ocasião da realização de idênticas iniciativas de cunho estadual com vistas ao fortalecimento da cultura popular no que tange às modalidades de gêneros literários supracitados.
  2. Garantia de apoio visando à realização de Feiras Nacionais de Cordel e Xilogravura, capazes de acentuarem ainda mais a produção, o fomento e a disseminação da cultura popular, com participação de poetas cordelistas declamadores e de repentistas, apoiados pelo Governo Federal, nos eventos desse porte, extensivo àqueles que se realizem no âmbito de todos os estados da Federação sob a mesma ótica, individualmente.
  3. Adotar práticas sistemáticas periódicas de disponibilização de editais culturais específicos a nível nacional, envolvendo cordel, xilogravura e repente, a serem elaborados com a participação de movimentos culturais representativos deste país, com premiação capaz de possibilitar o aporte de recursos financeiros suficientes aos cordelistas, xilogravuristas e repentistas de todos os estados da Federação.
  4. Facilitar o acesso e participação de poetas cordelistas e repentistas nos editais culturais a serem abertos em todo o país, através da criação de grupos de assessoria capazes de qualificá-los devidamente e torná-los aptos a proceder suas inscrições nos eventos e obter êxito quanto ao cumprimento das exigências editalícias que se fizerem necessárias.
  5. Garantir a aquisição de livros e folhetos de cordel pelo Ministério da Educação, estabelecendo critérios que possibilitem uma participação equitativa dos poetas espalhados por todo o país, de modo transparente, justo e abrangente.
  6. Adotar práticas de salvaguarda das obras poéticas dos cordelistas, assim como dos repentistas e que passam, necessariamente, pelo financiamento de acervos capazes de permitir, inclusive, sua digitalização e demais iniciativas protetoras das obras e memórias dos poetas, levando em conta que ambas as categorias de artistas se encontram devidamente registrados no IPHAN como bens do patrimônio cultural imaterial brasileiro.
  7. Formalizar a participação de representantes de cordelistas e repentistas em órgãos do Conselho Federal relacionado ao Ministério da Cultura ou em qualquer outra esfera a este vinculada, a exemplo de prática já consolidada no Estado da Paraíba, a fim de permitir a prospecção de ações capazes de alavancar nossa arte e cultura como devido.
  8. Estabelecer diretrizes sistemáticas de inserção do Cordel nas Escolas, fazendo uso, quando possível, de itinerários formativos com disciplinas eletivas que façam uso deste gênero literário no currículo educacional, inclusive com o estabelecimento de bolsa-oficina de cordel para este fim específico, a fim de valorizar o trabalho intelectual do artista envolvido nesta arte e difundir a prática cordelística como ferramenta educacional de grande importância, buscando alinhá-lo junto às bases curriculares nacionais a fim de fazer valer a sua prática como de grande valia no processo de ensino-aprendizagem, além de permitir às crianças e jovens acesso à cultura que se irmana fortemente às nossas tão caras tradições, estimulando-os à leitura, participação e, quem sabe, permitindo a descoberta de novos talentos de nossa cultura popular no chão da escola.
  9. Examinar a possibilidade de estabelecimento de bolsas para os cordelistas, repentistas e demais integrantes da cadeia produtiva de cultura popular, notadamente para os que dedicaram todo o tempo de vida à arte e cultura, fazendo por onde merecer uma renda digna no final de sua carreira artística e buscando, sobretudo, resguardar a memória cultural brasileira a partir desta política de valorização tão importante, justa e necessária.
  10. Estabelecer, nesta mesma direção estabelecida no item anterior, políticas públicas que favoreçam a proteção das famílias dos poetas que vierem a falecer e que se encontrem em condições de vulnerabilidade face ao falecimento destes, em reconhecimento à contribuição cultural significativa oferecida em vida, a partir de critérios objetiva e previamente estabelecidos.
  11. Sistematização de dados nacionais relacionados aos poetas cordelistas, xilogravuristas e poetas repentistas em atuação, propiciando um cadastro ou banco nacional de informações sobre cada um destes, suas obras, suas ações e habilidades desenvolvidas ao longo de sua trajetória cultural, funcionando como um verdadeiro repositório institucional do cordel brasileiro com critérios objetivos na seleção e inserção dos contemplados no aludido cadastro oficial de reconhecimento da atuação individual desses artistas populares, em plataforma virtual a ser amplamente difundida e enriquecida com informações de cunho relevante para a divulgação pertinente, salvaguada e valorização indispensável dos mestres da cultura popular.

João Pessoa (PB), 11 de dezembro de 2022.

MARCONI PEREIRA DE ARAÚJO

Presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB)

 

 

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